quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

OPINIÃO - ANO XXIII - Nº 248 JAN-FEV 2017

Allan Kardec, há 150 anos
“Os Espíritas são
Livres-Pensadores”

Dois artigos de Allan Kardec, publicados há exatos 150 anos, em janeiro e fevereiro de 1867, definiram com clareza o caráter livre pensador do espiritismo e de quem, livremente, aderisse às suas propostas.


“Quem não se guia pela fé cega é um livre-pensador”
Em janeiro de 1867, na “Revista Espírita”, Allan Kardec publicou longo artigo sob o título de “Olhar Retrospectivo sobre o Movimento Espírita”. Entusiasmado com o avanço das ideias espíritas e otimista quanto a seu futuro, observava que “o Espiritismo ligou a si todos os homens nos quais essas ideias estavam, de certo modo, no estado de intuição”, e chegou a definir a existência de duas grandes correntes de ideias em que poderia, genericamente, se dividir a humanidade: o espiritismo e o materialismo. Mesmo assim, admitiu que essas duas grandes categorias se fracionavam “numa porção de nuanças”. A seguir, então, o fundador do espiritismo arrolou nada menos do que 15 tendências de pensamento e suas afinidades ou oposições relativamente à proposta espírita. Ali aparecem, por exemplo, os “fanáticos de todos os cultos”, os “panteístas”, “os crentes não satisfeitos”, “os incrédulos por falta de algo melhor”, os “deístas”, culminando com o que ele classifica como uma “nova denominação pela qual se designam os que não se sujeitam à opinião de ninguém em matéria de religião e de espiritualidade, que não se julgam ligados pelo culto em que o nascimento os colocou sem seu consentimento, nem obrigados à observação de práticas religiosas quaisquer”: Eram, segundo ele, os “livres pensadores”. Nessa categoria, Kardec situava explicitamente os espíritas: “Todo homem que não se guia pela fé cega é, por isso mesmo, livre pensador” e “a este título os Espíritas também são livres pensadores”, escreveu (grifo nosso).

“Antes de crer é preciso compreender”
A temática do livre pensamento seria objeto de novo editorial da revista dirigida por Allan Kardec, no mês seguinte, fevereiro de 1867. Desta feita, para admitir a existência de duas categorias de livres pensadores: a dos incrédulos acerca das chamadas questões metafísicas, e a dos crentes. Mas, a crença desses livres pensadores, onde estariam incluídos os espíritas, segundo Kardec, tem um sentido diverso ao da fé religiosa: “É o Espiritismo, como pensam alguns, uma nova fé cega? Por outras palavras, uma nova escravidão do pensamento sob uma nova forma?”, pergunta, para logo esclarecer: “O Espiritismo estabelece como princípio que antes de crer é preciso compreender. Ora, para compreender há que usar o raciocínio”. Para Kardec, os espíritas “são mais céticos do que muitos outros, em relação aos fenômenos que escapam do círculo das observações habituais” e que não partem de nenhuma “teoria preconcebida ou hipotética”, mas da “experiência e observação dos fatos”.

Na análise que fez do livre pensamento, Allan Kardec consignou que “na sua concepção mais larga, ele significa livre exame, liberdade de consciência, fé raciocinada” e “simboliza a emancipação intelectual, a independência moral, complemento da independência física”. “Nesse sentido”, completou, “O livre pensamento eleva a dignidade do homem, dele fazendo um ser ativo, inteligente, em vez de uma máquina de crer”.
 E foi assim que, dois anos antes de desencarnar, Kardec retratou o autêntico espírita: o espírita livre pensador.





O todo e a parte
Não houvesse o espiritismo se transformado, contra o expresso entendimento de Allan Kardec, em uma nova religião, a qualificação de todos os seus adeptos como livres pensadores seria algo absolutamente incontroverso.
No multifacetado universo dos espíritas, entretanto, onde pontificam os “espíritas cristãos e evangélicos” e, em seu séquito, um sem número de tendências místicas, com nuanças as mais variadas, quase todas entronizando a fé religiosa e a irrestrita submissão a médiuns oficializados como “mensageiros dos céus” ou intérpretes de um seleto clube de “espíritos superiores”, pouco espaço restou para o cultivo do pensamento livre, plural e coletivamente construído.

Desse quadro também resultou que se fizesse, igualmente, letra morta uma outra recomendação de Allan Kardec: a de que o espiritismo estivesse sempre e permanentemente aberto à atualização do conhecimento. Uma coisa é consequência da outra, pois a fé religiosa tem como objeto as chamadas verdades eternas, insuscetíveis de atualizações, modificações, contestações ou debates. “Credo quia absurdum” (creio porque é absurdo), dizia Santo Agostinho, referindo-se à fé nas “revelações divinas” contrárias à razão.

Enfim, ser livre pensador espírita e espírita progressista, condições que deveriam ser essenciais a qualquer adepto da filosofia sistematizada por Allan Kardec, passaram, no decurso do tempo, a caracterizar não o universo espírita como um todo, mas, apenas e tão somente, uma parcela, um segmento do movimento espírita. Segmento, aliás, cujo pensamento e cuja prática contrastam em inúmeros aspectos com o que se convencionou denominar “religião espírita”.

Na verdade – e Kardec percebera claramente isso -, religião e livre pensamento, fé religiosa e progresso de ideias são coisas inconciliáveis. Cabe, pois, ao espírita consciente e responsável optar por qual desses dois caminhos trilhar e qual deles, afinal, está mais de acordo com a proposta original do Mestre lionês. (A Redação)






“É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” 
Carlos Drumond de Andrad

Como bem lembra o poeta, quando um novo tempo começa no calendário, somos contagiados pela ideia um tanto mágica de que tudo se há de transformar em nosso derredor. Achamos que “como por decreto de esperança, a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver”.

Ao retomarmos a rotina, a ilusão se desfaz. Ao soarem as doze badaladas que, em cada quadrante, marcam o fim de um ano e o início do outro, o mundo volta a ser exatamente como era, partindo outra vez do mesmo ponto em que o ano findo o surpreendera. E com cada um de nós o mesmo ocorrerá. Então, é novamente o genial poeta mineiro que lembra: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo”.

Tempos de crises, como esta em que estamos mergulhados, são mais propícios a debitarmos a outros todos os percalços por nós vividos. Entretanto, se existem concretas razões externas a indicar a origem de dificuldades em nossa vida, também é certo que se nos dispusermos a uma honesta introspecção, haveremos de localizar em nosso interior fraquezas e predisposições ainda mais preponderantes que aquelas a determinarem nosso atual quadro de padecimentos.

Crises são a culminância de erros que nos cabe desfazer, ressarcindo-lhes os efeitos. São, em qualquer circunstância, oportunidades de correção de rumos e de redescoberta de potencialidades muitas vezes adormecidas no mais íntimo de nosso ser. Crise é incentivo à mudança e ao crescimento.

A renovação que, a cada início de ano, esperamos do mundo, na verdade, a vida espera de nós, a cada dia.

Tem razão o poeta. Tem razão a vida. Especialmente se desta guardamos uma concepção de infinitude, de progresso e de evolução, leis inderrogáveis que regem a trajetória sempre ascendente do espírito e da sociedade.






Confiança
Costumo, quando estou no centro, em Porto Alegre, almoçar em um determinado restaurante natural. E, lá, sempre vejo um sujeito cuja atitude me chama bastante atenção. Cada vez que ele levanta de seu lugar para se servir, deixa ali, sobre a mesa, sua carteira e seu celular. Sai despreocupadamente, demonstrando plena confiança de que ninguém vai furtar seus objetos pessoais. Acho que ele pensa assim: as pessoas que frequentam este local são gente boa, ninguém aqui seria capaz de cometer um furto ou algo que prejudicasse alguém.

Restaurante universitário
Pela década de 60 do século passado, em meus tempos de estudante, na capital gaúcha, eu tinha por hábito almoçar no velho restaurante universitário da Avenida João Pessoa. Lá, quem quisesse tomar um suco ou refrigerante, para acompanhar a refeição, não precisava pagar antecipadamente no caixa. Simplesmente se servia e deixava o valor correspondente numa caixinha ali ao lado.
Vigorava o tácito entendimento de que um estudante universitário jamais iria deixar de pagar o que consumiu. Funcionava.

O sonho de todos
Todos sonhamos viver numa sociedade onde tudo funcionasse assim, não é mesmo? Com certeza, isso há de acontecer um dia, quando todos tivermos um mínimo de educação. Falo daquela educação básica, fundada nas razões primárias da vida individual e social, aquela que nos dá a certeza de que o correto agir, os hábitos saudáveis, a honestidade, enfim, produzem harmonia e felicidade. A espiritualidade racional, que tenha como suporte a lei de causa e efeito, com bases e fins pedagógicos, é um excelente caminho para a aquisição e vivência desses valores que um dia hão de ser por todos cultivados.
Thiago de Mello, em famoso poema, fala de tempos onde “o homem não precisará nunca mais duvidar do homem”. “O homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu”. Ou, simplesmente, “o homem confiará no homem como um menino confia em outro menino”.

A aspiração de Kardec
Talvez se possa interpretar todo o descalabro ético que se abateu sobre nossa sociedade como uma imensa crise de confiança. É como se atravessássemos um deserto, felizmente entrecortado de pequenos oásis onde ainda vicejam valores tidos como autenticamente humanos. Mas, lá fora, esses valores parecem ter sido levados de roldão pela tormentosa complexidade das relações políticas e sociais de um país movido por trapaças e injustiças. E com isso, o menino de ontem deixou de confiar no outro menino.

Será possível resgatar essa confiança? Por que não? O sujeito que deixa a carteira sobre a mesa e o velho restaurante universitário são o indivíduo e a sociedade que todos sonhamos. Essa ânsia grita dentro de nós, pedindo passagem.

“A aspiração por uma ordem superior das coisas é indício da possibilidade de atingi-la”, escreveu Kardec. Ou: se somos capazes, como consciência coletiva, de sonhar com um mundo justo e fraterno, e se já podemos intuir que o agir de um tem força para modificar o todo, é indício de que um dia chegaremos lá!
Seja 2017 o início dessa virada! 


          




O Congresso da CEPA em Porto Alegre (III)

O convite à FERGS
Convidada, também, a participar do XVIII Congresso Espírita Pan-Americano, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, então presidida por Nilton Stamm de Andrade, louvando-se na mensagem, de 15.11.1999, que o CFN-FEB enviou ao movimento espírita com relação ao evento, e em decisão do Conselho Deliberativo Estadual da FERGS, de 27.11.1999, declinou do convite e informou que “não abonará, em caráter oficial, a participação de nenhuma pessoa vinculada ao quadro federativo estadual ao evento programado pela CEPA, ainda que em caráter de observador, por considerar inaceitável o tema proposto”.

A extensa mensagem do CFN-FEB, subscrita pela totalidade dos seus membros, afirmava que "todo o progresso do conhecimento desde a Codificação tem trazido evidências que confirmam os ensinos espíritas, nada justificando a revisão de qualquer dos fundamentos da Doutrina dos Espíritos". Acrescentava, ainda, que “não reconhece em nenhuma pessoa ou instituição, como também em nenhuma assembleia ou congresso, qualquer autoridade ou direito para alterar ou modificar, a qualquer título, os princípios fundamentais e ensinos do Espiritismo, contido nas obras básicas de Allan Kardec”. E finalizava conclamando “os espíritas e as instituições espíritas em geral a que, unidos, continuem a concentrar seus esforços e tempo no trabalho edificante de colocar a Doutrina Espírita, em toda a sua abrangência, sem restrições ou questionamentos a qualquer dos seus princípios, ao alcance e a serviço de todos.” (grifo meu).

Vale a pena destacar alguns tópicos contidos na Circular que, logo em seguida, a FERGS enviou às instituições espíritas do Estado: “3. alerta as casas espíritas federadas no sentido de, permanecendo atentas, não mais cederem espaços em suas tribunas aos expositores vinculados ao Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA) e à Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA), entidades que semeiam insistentemente ideias contrárias aos princípios doutrinários, negando o aspecto religioso da Doutrina Espírita e opondo-se aos ideais do Cristianismo; 4. recomenda, da parte dos dirigentes espíritas, profunda análise das matérias contidas no boletim "Opinião", órgão oficial do CCEPA, atentando para os conceitos revisionistas que ali sistematicamente são divulgados e que desconsideram o caráter religioso do Espiritismo, procurando difundir o que denominam "espiritismo laico"; 5. recomenda não dar circulação ao boletim "Opinião", órgão oficial do CCEPA e que vem sendo remetido sistematicamente às casas federadas.”

Detalhes sobre esse memorável evento da CEPA estão narrados em meu livro “Da Religião Espírita ao Laicismo: a trajetória do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre”.





Deolindo Amorim 

O Espiritismo encontrou, no Brasil, a preponderância do africanismo e do catolicismo, com um fator absolutamente favorável: o baixo nível intelectual das massas, educadas na superstição e sob o influxo da religião católica, que lhe imprimiu o apego aos ídolos, aos símbolos etc. Difícil tem sido ao Espiritismo reagir contra a propensão de grande parte de seus simpatizantes para o culto fetichista. Daí muita gente, que desconhece o assunto, que não sabe o que é Espiritismo, dizer que Espiritismo e africanismo são sinônimos... Eis um erro que precisa ser desfeito. Umbandismo, ou qualquer outra forma de africanismo, não constitui modalidade do Espiritismo. (Do livro “Africanismo e Espiritismo”)












 Crítico de cinema da Folha sobre o filme Chico Xavier:

“Um filão a ser explorado
pelo cinema brasileiro”

Foto de atores do elenco
O crítico de cinema do jornal Folha de São Paulo, em sua coluna no caderno Ilustrada, da edição de 19 de setembro de 2016, comentando os filmes que passariam durante a semana nos canais especializados de televisão, teceu alguns comentários sobre a película “Chico Xavier”, que seria exibida pelo canal Warner.

O comentarista aproveitou o espaço não apenas para a crítica cinematográfica da obra, como também para fazer este registro sobre a penetração do espiritismo no Brasil: “Assim como o positivismo” – escreveu -, “o espiritismo parece ser uma dessas correntes que emplacaram muito mais aqui no Brasil que na sua origem (França, em ambos os casos”).

Sobre a temática do filme, consignou: “Somos provedores de pessoas capazes de demonstrar, na Terra, a existência de um mundo posterior à nossa existência. Assim como o personagem de Chico Xavier”. E acrescentou: “Não importa tentar determinar o quanto possa haver de verdade, fraude ou erro bem-intencionado no médium. Importa que Daniel Filho trabalha bem essa passagem entre o aqui e o além: a psicografia de Xavier funciona como ‘prova’ da existência desses espíritos que, eventualmente, voltam para trazer suas mensagens”.

Para ele, no entanto, “no fundo, trata-se do velho princípio segundo o qual se a religião alivia nossas penas, tudo bem”, e que “no caso, com seus milhões de espectadores, o filme apontou para um filão a ser explorado pelo cinema brasileiro (e logo perdido)”.









Jerri Almeida – Professor de História, Escritor, Presidente da Sociedade Espírita Amor e Caridade – Osório/RS.

Não se trata do famoso filme de 1956, estrelado por Elizabeth Taylor e dirigido por George Stevens, que retratava a história de três influentes gerações de texanos e seus conflitos familiares, emocionais, e suas relações de poder econômico. Talvez se aproxime mais da música de Lulu Santos: “Assim caminha a humanidade”.

Certamente, uma significativa parcela da humanidade vem optando pelos sinuosos caminhos da rebeldia e do desamor. Configura-se, a experiência humana, um cipoal de possibilidades cujo discernimento poderia conduzir para os valores mais nobres e afirmativos do bem. No entanto, não obstante os apelos do amor, que vibram nas entranhas mais profundas da alma humana, recrudesce a violência em suas múltiplas faces.

Diante das maravilhosas conquistas científicas e tecnológicas, o mundo contemporâneo, aturdido em seus paradoxos, se debate nos questionamentos e nas dúvidas, de tal forma que os velhos dilemas filosóficos, éticos e morais ganham cada vez mais espaços no seio das instituições.
Há certamente muitos caminhos! Todavia, é bom lembrarmos que a decisão pelos caminhos que conduzem ao progresso do espírito exige esforço perseverante. Muitos não estão dispostos a trilhá-los e, por isso mesmo, mergulham nos conflitos de toda sorte!

Muito embora vivamos atualmente uma cultura de cuidados com o corpo, com a saúde, com a estética, emergem, a cada dia, novos casos de depressão e de outros transtornos psicológicos, revelando as dores da alma. No mundo globalizado, estamos cada vez mais próximos e, ao mesmo tempo, mais distantes. A tecnologia nos aproxima e, quando não suficientemente administrada, nos afasta das relações afetivas, do diálogo direto, do “olho no olho”, da convivência familiar mais plena e mais concreta. Onde o limite?

O espiritismo, diante dos inúmeros caminhos e descaminhos do mundo atual, apresenta sua filosofia otimista e esclarecedora como alternativa e estímulo para novas escolhas, novos caminhos. A rigor, nem sempre o progresso moral acompanha o progresso intelectual, por isso, as contradições de uma sociedade ainda carente de paz e justiça social.

 O ser humano recalcitrante nos antigos vícios e paixões, transitando pelas vias do sofrimento, chegará fatalmente ao seu limite de suportabilidade onde, então, buscará novos paradigmas para orientar seu efetivo progresso ético, moral e espiritual. Certamente, o sofrimento não é a única via para o progresso, mesmo porque não basta sofrer, é necessário refletir e reavaliar suas causas mais profundas. Todavia, enquanto muitas pessoas se mantém indiferentes aos valores nobres, outras tantas buscam os caminhos do bem, da solidariedade, da fraternidade, do altruísmo, para se sentirem úteis e verdadeiramente “vivas”.

Kardec ponderou que o espiritismo, pelas informações que apresenta, estimula no ser humano uma nova e mais profunda percepção do cotidiano, da existência, da vida, da morte e dos desafios naturais da caminhada. Nesses dias difíceis - por onde caminha a humanidade - de intolerâncias e de crueldades, de corrupção, de indiferenças e de depressões, o pensamento espírita nos convida, pela via da razão e dos sentimentos, ao exercício da brandura, da fraternidade, da honestidade e da fé racional que dinamiza o potencial consciente do amor.

Como afirmou, com sua conhecida lucidez, o eminente professor Herculano Pires: “Inútil, pois apelar para modificações superficiais. Temos de insistir na mudança essencial de nós mesmos". Se existem muitos “caminhos”, somos nós, os “caminhantes”, que os escolhemos.






Jones no CCEPA:

“O espanto diante do fenômeno deu origem à filosofia espírita”


Encerramento do ano letivo
Marcelo Nassar, Jones e Salomão Benchaya
Na tarde de 15 de dezembro último, o Departamento de Eventos e o de Estudos Espíritas do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre - CCEPA, coordenados, respectivamente por Salomão Benchaya e Marcelo Nassar, encerraram as atividades dos grupos de estudo no ano de 2016, bem como do Curso Espírita de Mediunidade levado a efeito, nas tardes de 4a. feira, desde março/2016.
Os 22 participantes que concluíram o curso de mediunidade constituirão, em 2017, um novo grupo de estudos do CCEPA.

Jones conduziu a reflexão da tarde
Na oportunidade, o Assessor da Diretoria do CCEPA, Maurice Herbert Jones, convidado pelos Departamentos, teceu considerações a respeito da natureza do espiritismo e respondeu a alguns questionamentos dos presentes.

Jones fez considerações sobre a filosofia espírita, nascida, segundo ele, “do espanto do próprio Kardec diante do fenômeno mediúnico”. De seu espanto resultaria a investigação séria e racional do fenômeno, abrindo-se um novo campo à investigação científica. Como filosofia, o espiritismo, segundo ele, “traz uma visão profundamente humanista, é o humanismo espiritocêntrico”, pois “a visão de humanidade do espiritismo transcende o mundo físico, radicando-se na realidade do espírito”.

 Para encerrar a tarde, todos participaram de uma confraternização organizada pela vice-presidente Eloá Bittencourt.

Reuniões durante as férias
Durante o período de 14/12/2016 a 08/03/2017, em razão de viagem da maioria dos integrantes dos grupos, o CCEPA manterá reuniões, abertas ao público, somente nas 4as. feiras, à tarde, tendo O Livro dos Espíritos como roteiro de estudos.

Novo Curso Básico de Espiritismo
Em 2017, um novo Curso de Espiritismo, destinado a iniciantes, será realizado, período de 22/3 a 19/4, às 19h30min, sob a coordenação de Marcelo Cardoso Nassar, diretor do Dep. de Estudos Espíritas e Clarimundo Flores, diretor da Tesouraria do CCEPA. Pretende-se, após o curso, formar um novo grupo de estudos, atividade central que o CCEPA desenvolve com os seus integrantes. O horário das 19h30min - uma experiência nova na Casa - visa permitir aos inscritos que trabalham profissionalmente durante o dia, que possam se deslocar diretamente para o CCEPA logo após o expediente. Interessados podem se inscrever através do e-mail ccepars@gmail.com ou pelo telefone (51) 3209-3092, com Eloá.

Desencarna José de la Torre –
grande líder espírita espanhol

Na madrugada de 11 de dezembro último, desencarnou, aos 81 anos, em Montilla, Espanha, José de la Torre (foto), destacado líder espírita espanhol.

Em depoimento dado a este jornal, sua sobrinha, Mercedes Garcia, presidente da Associação Espírita Andaluza Amalia Domingo Soler, entidade da qual José foi fundador, recorda as múltiplas atividades espíritas desempenhadas por seu tio, como o exercício da presidência do Centro Espírita Amor y Progreso, de Montilla, desde 1992, a fundação da Associação Internacional para o Progresso do Espiritismo (AIPE), da qual foi vice-presidente e, após, vice-presidente honorário. José de la Torre teve destacada atuação no processo de reorganização do movimento espírita espanhol, havendo colaborado na fundação e legalização da Associação Espírita Espanhola, que antecedeu à atual Federação Espírita Espanhola e organizado um primeiro “minicongresso”, que serviu de prévia aos grandes congressos recentemente realizados pelo movimento espírita espanhol, com destaque especial para as atividades lá realizadas com o apoio da CEPA.

Entretanto, segundo Mercedes, “nada disso seria significativo não fosse a excelente qualidade humana” a ornar a personalidade de José. “Humilde e hospitaleiro, aberto ao progresso das ideias e da sociedade, em total coerência com a doutrina dos espíritos, José de la Torre foi um impulsionador da divulgação do espiritismo em nível internacional, tendo recebido e hospedado em sua casa reconhecidos propagadores espíritas de diferentes países, como Jon Aizpúrua, Dante López, Milton Medran, Divaldo Franco, Juan Antonio Durante, Raul Teixeira, Carlos Campetti e muitos outros”, assinala Mercedes, destacando ainda: “Como ele próprio dizia, necessitava expandir, com a força de sua alma, as vozes dos espíritos em prol da união do espiritismo, todos unidos numa grande fraternidade”. Para tanto, lembra Mercedes, recordando seu tio, “será preciso visualizar o espiritismo ‘às secas’, sem qualificativos, com seu caráter universal, destituído de qualquer discriminação.”.

Em nome da família e reconhecendo que José foi para ela “um verdadeiro pai e para muitos um grande mestre”, Mercedes desejou que cheguem até a dimensão onde ele se encontra as tantas manifestações de carinho recebidas, e encerrou com uma frase que ele costumava pronunciar: “Avante, com Amor e Humildade!”


           
"Compreender Kardec para viver Kardec"

Plataforma interativa
para estudar Kardec na Internet

Novo espaço da Internet propõe compreender Kardec para viver Kardec.

Interessados em pesquisar, ler e analisar as obras de Allan Kardec na Internet têm agora uma excelente ferramenta. É a Kardecpedia - https://kardecpedia.com/    um espaço na rede mundial de computadores que se define como “uma plataforma interativa que facilita o estudo das obras de Allan Kardec, o fundador da Doutrina Espírita, ou Espiritismo”. Já na sua apresentação aos internautas, a Kardecpedia define o espiritismo fundado por Kardec, como uma “palavra por ele criada para designar a doutrina exposta na sua primeira grande obra: O Livro dos Espíritos”. Explica que o espiritismo foi definido por Kardec como "uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”.

Um índice por palavras ou frases
Ao alto de sua página de apresentação, a Kardecpedia exibe um espaço onde o internauta é convidado a digitar um termo ou frase referente à sua busca. A pesquisa conduz imediatamente a uma relação de textos ou citações em toda a obra de Kardec em que aquela palavra ou aquela frase estejam presentes.

Na Kardecpedia, todas as obras de Kardec são apresentadas nos idiomas português e francês, incluindo as doze edições da Revista Espírita editada por Kardec. Em inglês e espanhol, serão apresentadas apenas aquelas obras que já existem traduzidas e em domínio público.

O usuário poderá interagir com a Kardecpedia propondo novos relacionamentos entre os itens que compõem cada obra, bem como enviando cópias digitais de livros de Kardec e de outras obras por ele citadas.

Você pode colaborar de quatro maneiras:
1)    propondo novos relacionamentos entre os itens das obras de Kardec;
2)    enviando cópias digitais de edições originais das obras de Kardec;
3)    enviando cópias digitais de traduções das obras de Kardec, de domínio público; e
4)    enviando cópias digitais de livros citados por Kardec em suas obras.

O projeto Kardecpedia é fruto do trabalho de equipe coordenado pelo físico, escritor e palestrante espírita fluminense Cosme Massi (foto)





Duas biografias de Kardec
Sobre os comentários de Jon Aizpúrua acerca das obras “Kardec, a Biografia” e “Revolução Espírita” (Opinião – dezembro/2016), permitam-me aduzir: Creio que a maioria de nós já havia lido a obra de Marcel Souto Maior, que considero muito proveitosa para o movimento espírita brasileiro que se distanciou de Kardec. É um livro de narrativa fácil e prazerosa para o frequentador tradicional de centros espíritas.
Já no que toca ao livro de Paulo Henrique de Figueiredo, trata-se de uma grata surpresa que deve entrar no rol dos melhores livros espíritas deste século, seja pelas descobertas biográficas do Prof. Rivail, seja pela (re)descoberta do movimento do Espiritualismo Racional francês do século XIX que preparou o caminho para o Espiritismo, ambas surpreendentes.
Enfim, ainda que possa parecer demasiado, considero que a ideia central do livro no sentido de delimitar e destacar a moral livre e autônoma, da forma como desenvolvida pelo autor após décadas de pesquisas, parece-me um dos mais importantes tijolos postos no desenvolvimento epistemológico e ético do edifício doutrinário pós-Kardec. Verdadeira leitura obrigatória.
Lucas Sampaio  - Salvador, BA. – www.telma.org.br .

A regeneração do planeta
Adorei o artigo do escritor Paulo Henrique de Figueiredo "Como participar da regeneração do nosso planeta". A colocação de que a autonomia moral é o ponto de virada do velho para o novo mundo é excelente.
Roberto Rufo - Presidente do ICKS. - Santos/ SP.

O Papa e as cinzas
Concordo com o articulista Milton Medran (Opinião em Tópicos, dez/2016), exceto com guardar cinzas fúnebres em casa. Para mim, isso ainda representa apego à matéria, disfarçado sob pretexto de consideração amorosa pelo morto. Já, adubar as raízes de um vegetal ou espalhar cinzas na natureza é destinar um fim nobre aos princípios sutilizados nos átomos da matéria orgânica incinerada, que se incorporarão diretamente ao corpo escolhido, fazendo com que se acelere o seu processo de desenvolvimento anímico.
Nizomar Sampaio Barrois - Rio de Janeiro -RJ