domingo, 11 de setembro de 2016

OPINIÃO - ANO XXIII - Nº 244 SETEMBRO 2016

O espiritismo é uma religião?
O surpreendente “não”
dos espíritas brasileiros
Ampla pesquisa de opinião, feita exclusivamente entre espíritas brasileiros, aponta que para 63,3% dos entrevistados, o espiritismo “não é uma religião”, e sim, “uma doutrina ou filosofia com consequências morais”.

A pesquisa
Promovida por Ivan Franzolim (foto), destacado comunicador espírita paulista, pós-graduado em Comunicação Social e Marketing de Serviços, a pesquisa é bastante abrangente. Realizada via Internet, em formulário Google próprio para pesquisas, ouviu 4.802 espíritas de todos os estados brasileiros. Eles responderam a 40 questões. Perguntas versando sobre o grau de liberdade de opinar em seus centros espíritas, ou acerca da leitura ou da influência de autores espíritas, ou ainda sobre as principais instituições espíritas brasileiras, assim como acerca da frequência a cursos teóricos de conhecimento espírita, foram formuladas pelo autor da pesquisa.

A questão da religião
O organizador da pesquisa, comentando-a, mostrou-se surpreso com o fato de 63.3% dos entrevistados haverem respondido que o espiritismo não é uma religião, mas “uma doutrina filosófica com consequências morais” (uma das alternativas sugeridas na pergunta). A surpresa de Franzolim decorre, segundo escreveu, de que “quem atua no movimento espírita percebe o contrário”, pois “a maioria das casas segue o chamado ‘espiritismo religioso’, onde se dá mais ênfase nesse aspecto, privilegiando as citações dos evangelhos sobre a codificação e enaltecendo a autoridade de Jesus, intensificando as orações tradicionais e utilizando músicas com letras claramente religiosas”.
O caráter surpreendente da resposta aumenta, se a confrontarmos com o resultado de outro questionamento da pesquisa: foi pedido ao entrevistado referir as instituições espíritas de abrangência nacional por ele conhecidas e a respeito das quais já tivesse lido algo. Nesse item, a FEB, que defende ardorosamente o caráter religioso do espiritismo, colocou-se em primeiro lugar, com 92,8% de citações, seguida da AME (38,1%) e da Aliança Espírita Evangélica (18%). Esta última tem perfil ainda mais religioso que a FEB, e é responsável pelo segmento mais místico do espiritismo brasileiro. Já a CEPA, que sustenta o caráter laico e livre-pensador do espiritismo, ocupou a 9ª colocação (5,2% dos entrevistados a citaram) na pesquisa, entre as 24 instituições referenciadas pelos entrevistados.

Outros dados
A sondagem é bastante ampla. Envolve dados sobre áreas de atuação dos centros, suas orientações quanto a métodos de estudo e realização de cursos, atividades mediúnicas, assim como a literatura preferida pelos entrevistados e os autores mais lidos. Traz também dados sobre o perfil socioeconômico dos entrevistados, dividindo-os por regiões, faixas de idade e sexo. Para conhecer todos os dados da pesquisa e os comentários de seu autor, acessar: http://franzolim.blogspot.com.br/ .




Sinais de mudança
Allan Kardec admitiu que o espiritismo passaria por uma fase religiosa. Nem era de se esperar algo diferente, em especial num país como o Brasil, de arraigadas tradições cristãs e de cultura formatada pelos reis católicos que governavam os países ibéricos ao tempo do descobrimento. Mas, o próprio Kardec previa a superação do “período religioso”, quando melhor compreendido o espiritismo.

A pesquisa demonstra que os estudiosos do espiritismo, aqueles que frequentam suas instituições e se aprofundam em sua filosofia, com o tempo passam, de fato, a redimensionar sua identidade, deixando de vê-lo sob o prisma da fé, para nele reconhecerem a verdadeira dimensão racional e filosófica. Exatamente como queria Kardec.

Mas, nem sempre as instituições acompanham a inquietude do espírito humano, vocacionado que está ao progresso e à mudança de ideias. Instituições, notadamente quando nascidas sob o formato religioso, tendem a perpetuar o conservadorismo inerente às religiões.

Talvez isso explique a contradição estampada na pesquisa: um forte contingente de espíritas, de pouco tempo para cá, vem mudando sua concepção de espiritismo, embora continue integrando casas e se filiando a instituições que não conseguem romper com o formato igrejeiro introjetado em suas bases. A maioria dessas pessoas sequer sabe da existência de um segmento laico cujos núcleos melhor atenderiam suas expectativas. Está aí um campo a ser trabalhado pelas novas instituições construídas sobre bases genuinamente kardecistas, progressistas e livre-pensadoras. (A Redação)



A flor e o fruto
 “Os maiores crimes de hoje indicam muito mais manchas de tinta que de sangue”. Thomas Lynch – ensaísta americano.

O país vive, neste preciso momento, um dos maiores conflitos políticos e sociais de sua história. Não cabe, aqui, atribuir culpas da grave crise em que mergulhamos a um ou a outro dos polos políticos que há meses se digladiam e de cujo conflito resultou o processo de afastamento da presidente da República. São, reconheça-se, sempre discutíveis, um tanto nebulosas e contraditórias as razões trazidas por um ou por outro dos lados opoentes. Personagens que, ainda ontem, esgrimiam em um campo político, fazem-no, neste momento, com igual entusiasmo verborrágico, no campo oposto. Isso debilita a credibilidade de todos. São coisas da política, setor no qual o embate de demandas e interesses se sobrepõe, de regra, à prática da coerência!

Sob qualquer ângulo político, entretanto, em que se visualizar a crise, um fator parece claro: fomos, como povo – ou, numa perspectiva espiritualista, como comunidade de espíritos comprometidos com seu progresso coletivo-, demasiadamente lenientes na condução de nosso crescimento integral.

À luz da filosofia espírita, o progresso humano se dá pelo aprimoramento de dois atributos do espírito: a inteligência e a moralidade. Allan Kardec, a propósito, escreveu em “Obras Póstumas”: “A Inteligência nem sempre é penhor da moralidade e o homem mais inteligente pode fazer uso pernicioso de sua faculdade. Por outro lado, a simples moralidade pode não ter capacidade. É, pois, necessária a união da inteligência e da moralidade”.

Na raiz da crise hoje vivida desponta a constatação de que cidadãos integrantes de uma elite cultural avançaram significativamente no campo da inteligência, estacionando, entretanto, no seu aperfeiçoamento ético. De repente, nos demos conta de que, justamente em determinados setores da política e do empresariado do país, se haviam desenvolvido sofisticadas formas de criminalidade para cujo combate, em um primeiro momento, a sociedade parecia despreparada. Teorias e práticas jurídico-penais voltavam-se quase que exclusivamente ao combate de crimes comumente praticados por agentes pertencentes a classes sociais mais modestas, onde a educação custa a chegar e a inteligência, assim, carece de estímulos ao melhor desenvolvimento.

Esse panorama mudou, na mesma medida em que a reconquista democrática foi permitindo o aprimoramento de instituições e a busca da justiça para todos. Hoje temos leis e instituições mais aptas ao combate da chamada criminalidade do “colarinho branco”, até porque a estas se garantiu a independência funcional. Assim, se a inteligência sofisticou o crime, deu-se, por outro lado, a correspondente sofisticação nos instrumentos de seu combate. E mesmo que, nesse afã, possam ocorrer equívocos e injustiças pontuais que a História e a vida, na sua infinitude, se encarregarão de corrigir, caminhamos para um estágio onde, presume-se, se há de melhor valorizar a ética pública. O Brasil não será o mesmo nas próximas décadas. Momentos de crise profunda como este são convites a transformações igualmente profundas.

Na questão 791 de O Livro dos Espíritos, os interlocutores de Kardec advertiram que a otimização civilizatória só se daria quando o elemento moral estivesse tão desenvolvido quanto a inteligência. Até porque o “fruto” (desenvolvimento ético) não pode vir antes da “flor” (inteligência).

Estaremos a caminho dessa estação onde flores e frutos produzirão um novo cenário para este, até aqui, tão sofrido Brasil? Bem, isso depende, fundamentalmente, da faina de todos nós.





O vôlei e o véu
A imagem das atletas egípcias vestindo véu islâmico e calças compridas, no vôlei de praia da Olimpíada do Rio, pode simbolizar o caráter plural e universalista dos jogos. Mas, também permite refletir sobre o tema da moral religiosa e moral laica.
A moral de um povo é fruto dos valores que lhe são impostos ou que são ali construídos. Quando impostos, partem de crenças ou ideologias muitas vezes contrárias às leis da natureza. Quando livremente construídos, esses valores aproximam-se da natureza e da razão a ela inerente.
Pode-se imaginar coisa mais antinatural do que disputar um esporte genuinamente praiano, nas areias de Copacabana, que não seja com roupa de banho?

Religião e moral
Moral vem da expressão latina mos-mores, que significa costume. Nem sempre os costumes evoluem. Às vezes, sofrem processos involutivos. Ideologias totalitárias e fundamentalismos religiosos são responsáveis por tais retrocessos. No Antigo Egito, as mulheres gozavam de independência financeira e jurídica. Podiam trabalhar e recebiam salários iguais aos dos homens. O fundamentalismo islâmico, que hoje domina o país, colocou-as em posição de submissão. Mostrar o corpo é pecaminoso, como o foi no Ocidente, enquanto dominado pelas teocracias cristãs.
Livros sagrados, vistos pela religião como revelações divinas, não são mais que expressões dos costumes vigentes no tempo e no espaço em que surgiram. Tomá-los como mandamentos de uma moral universal e imutável tem sido, na História, causa de retrocesso e de estagnação cultural.

A “moral espírita”
A chamada moral espírita não tem características religiosas. Ao identificá-la com a lei natural, gravada na consciência do ser humano, Allan Kardec recusou proviesse ela da revelação, conferindo-lhe caráter eminentemente racional, humano, progressista e laico. Por lidar o espiritismo com valores universais e atemporais, rigorosamente não existe uma moral espírita. O fato de O Livro dos Espíritos apontar Jesus de Nazaré como “modelo e guia da humanidade” não atrela sua filosofia à chamada moral cristã. Esta, historicamente, mostrou-se, em inúmeros aspectos, divorciada da racionalidade e preservadora de costumes que obstaculizaram o progresso humano.

Espiritismo e modernidade
A proposta espírita, em meados do Século XIX, opôs-se corajosamente a arraigadas concepções que integravam a moral cristã. Proclamou a plena igualdade de direitos entre homens e mulheres; demonstrou que a indissolubilidade do casamento contrariava a lei natural; defendeu a licitude do aborto em circunstâncias como a da preservação da vida da genitora, priorizando, assim, o princípio da dignidade da mulher; posicionou-se a favor da inteira liberdade de pensamento, de opinião e de crença, quando a religião se opunha à separação entre ela e o Estado e pregava que fora da Igreja não haveria moral nem salvação.



           
            


CCEPA: Laboratório do ESDE

Para os que não sabem, o ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita) surgiu no Rio Grande do Sul, mais exatamente no CCEPA, que então se denominava Sociedade Espírita Luz e Caridade (SELC).

Quando Maurice Jones assumiu a presidência da SELC, em 1968, uma das primeiras decisões que tomou foi a de compor um grupo para o estudo metódico das obras de Allan Kardec.
Na década de 70, a SELC já mantinha grupos de estudo metódico do Espiritismo e que adotavam os programas do COEM – Centro de Orientação e Estudo da Mediunidade  – do Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba. Com o tempo, a SELC elaborou seus próprios programas e sua experiência com grupos de estudo constituiu-se no laboratório da campanha que seria lançada pela FERGS.

Em 1978, Maurice Herbert Jones assumira a presidência da Federação Espírita do Rio Grande do Sul e me convidara para assumir o Departamento Doutrinário.
Em 26 de junho de 1978, em reunião mediúnica do Conselho Executivo da FERGS, o espírito Angel Aguarod, imigrante espanhol que, quando encarnado, fora presidente da FERGS, manifestando-se, pela psicografia de Cecília Rocha, afirmou, em determinado trecho: “Reiterando despretensiosa sugestão, recomendaríamos uma grande campanha, para usar nomenclatura moderna, em torno da importância do estudo das obras básicas da Doutrina Espírita”. Nos comentários que se seguiram à comunicação, lembro-me de haver dado a sugestão, prontamente aceita, de se adotar metodologia semelhante à empregada na então chamada “evangelização infantil” e que consistia na elaboração de Planos de Aula pela Federação, remetidos pelo correio às sociedades federadas e para outros Estados. Assumi o compromisso de esboçar um plano a ser apresentado ao Conselho Executivo. Não havia dado atenção à expressão “reiterando despretensiosa sugestão”, de Aguarod, até que, dias depois, folheando exemplares antigos da revista “A Reencarnação”, da FERGS, deparei-me, no exemplar de agosto/76, com a mensagem “Integridade Doutrinária”, do mesmo espírito, recebida em 28 de abril de 1976. Alí, efetivamente, já havia a recomendação explicita de Aguarod para “o estudo de um plano amplo no sentido de esclarecer os mais responsáveis pela dinamização do movimento espírita, da importância do estudo, da interpretação e da vivência do Espiritismo.”

O ESDE foi lançado pelo Conselho Deliberativo Estadual da FERGS, em 22 de julho de 1978 e logo as sociedades federadas passaram a receber o material orientador. Jones e eu passamos a ministrar cursos para preparação de monitores em várias cidades gaúchas.
Somente após Jones haver insistido, junto ao Conselho Federativo Nacional da FEB, para que lançasse idêntica campanha em âmbito nacional e enfrentado uma surda resistência de parte da maioria dos representantes estaduais, é que a proposta gaúcha foi aprovada, pelo CFN, em 6 de julho de 1980. A campanha foi oficialmente lançada pela FEB, com roteiros reelaborados, em 27 de novembro de 1983, com roteiros, cartazes e, ainda, o aval mediúnico de Francisco Spinelli e Bezerra de Menezes.





Jiddu Krishnamurti
“Sustento que a Verdade é uma terra sem caminhos, e vocês não podem aproximar-se dela por nenhum caminho, por nenhuma religião, por nenhuma seita. Este é meu ponto de vista e eu sigo absoluta e incondicionalmente... se compreenderam isso em primeiro lugar, verão que é impossível organizar uma crença. A crença é uma questão puramente individual, e não podemos, nem devemos organizá-la. Se assim o fizermos, ela morrerá, ficará cristalizada; tornar-se-á um credo, uma seita, uma religião para ser imposta aos outros. É isso que todos no mundo inteiro estão tentando fazer! ” (Do discurso pronunciado por Krishnamurti, em Ommen, Holanda, em 3/8/1929, dissolvendo a Ordem da Estrela do Oriente, que havia se organizada em torno dele).






ZH ouve espíritas em matéria sobre práticas alternativas
Com manchete de capa de sua edição de fim de semana, o jornal Zero Hora de Porto Alegre, publicou, em seu caderno “Doc” de 23 e 24/7/16, ampla reportagem intitulada “Médiuns, Pretos Velhos e Benzedeiras”.

A matéria inicia enfocando a benzedeira Zeli da Rosa Neto, de Capivari do Sul “uma negra de 85 anos, cabelos totalmente brancos” que, num “lar humilde, com divisórias feitas de tábuas, sem pintura”, recebe gente de todo o Estado, em busca de suas “benzeduras” que já teriam curado inúmeras pessoas de doenças gravíssimas. Reporta-se a “um preto velho, um padre psicólogo, um ‘arrumador de gente’, e um médium que encarna o Dr.Fritz”. Todos eles famosos no Estado, por se dedicarem a “curas do além”.

 A matéria se estende por 10 páginas da edição de fim de semana do mais importante jornal gaúcho. As duas páginas finais se ocupam do servente de pedreiro Mauro Pacheco Vieira, 33 anos, que diz incorporar o médico alemão Adolph Fritz e “se dedica à mais impressionante e controversa das modalidades não-reconhecidas de terapia: as cirurgias espirituais, que envolvem cortar e espetar objetos no corpo dos doentes, sem qualquer forma visível de anestesia ou assepsia”, diz o jornal.

A palavra dos espíritas
Sobre a atuação de Mauro, ZH ouviu duas lideranças espíritas. Para a vice-presidente da Federação Espírita Brasileira, Marta Antunes, “as cirurgias espirituais não são uma prática relacionada com a doutrina” já que a finalidade desta “é a transformação moral”. Segundo ela, “essas cirurgias podem funcionar, mas quando envolvem cortes são ilegais”, classificando-se como “curandeirismo”. Adverte Marta: “Chico Xavier, que foi uma pessoa muito enferma, não ia nesses médiuns, recorria aos médicos. Ela vê incongruências nas ações atribuídas ao Dr. Fritz, pois “não seria de esperar que o alemão permanecesse tantas décadas na condição de espírito”, e também acha muito difícil que se utilize simultaneamente de tantos médiuns, “porque ele tem de estar ali presente para fazer as incisões, para tirar o tumor”.

Mais enfático, o presidente do Instituto Espírita Dias da Cruz, Geraldo Cardoso, afirmou que “um espírito não tem como realizar manipulações no mundo físico”, e que “não existe incorporação, não existe um espírito entrar no teu corpo, o que existe é uma ascendência”. Para Geraldo, “é muito complicada essa questão das cirurgias, desses médiuns que tocam nas pessoas e que fazem aquele teatro”, porque “para mim é um teatro”, diz, acrescentando: “A pessoa que está no desespero terminal acredita em qualquer coisa, e aí os caras abusam”.





Espiritismo e Educação
Dois pensadores espíritas tratam da educação sob perspectivas diferentes. Jerri Almeida resgata o caráter essencialmente pedagógico da doutrina espírita. Flaviano Silva vê no sofrimento um instrumento educativo, na trajetória evolutiva do espírito.



O espiritismo e sua função educadora
Jerri Almeida, Professor de História. Presidente da Sociedade Espírita Amor e Caridade,Osório/RS.

A filosofia espírita, por sua natureza dinâmica, racional e ética, constitui uma educação profunda, capaz de estimular uma nova concepção do homem e da vida, posto que depositária de uma ordem de ideias essencialmente humanista. Não seria demais afirmarmos que Kardec, na sua condição de pedagogo, imprimiu no espiritismo uma essência pedagógica com dimensões muito amplas.

Discutiu, por vezes, o impacto dessas novas ideias na formação infantil.
Ele (o espiritismo) já prova sua eficácia pela maneira mais racional pela qual são educadas as crianças nas famílias verdadeiramente espíritas. Os novos horizontes que abre o Espiritismo fazem ver as coisas de modo bem diverso; sendo o seu objetivo o progresso moral da Humanidade, forçosamente deverá projetar luz sobre a grave questão da educação moral, fonte primeira da moralização das massas.¹

 A teoria espírita lançando significativos esclarecimentos sobre o mistério da existência agrega, inevitavelmente, novos elementos na estrutura familiar, especialmente na educação de pais e filhos. A dimensão educacional do espiritismo, segundo Kardec, teria efeitos na composição de novos elementos culturais através das gerações. Não se trata apenas de limitarmos os efeitos dessa filosofia ao aspecto moral, mas de ampliarmos tais efeitos para o universo da própria cultura.
 
Desde a infância, o ser começa a absorver a herança cultural que assegura sua formação e orientação ao longo do tempo. Quando essa herança é limitada ao pensamento materialista ou aos elementos mítico-religiosos, ela fecha o sujeito para voos mais amplos de compreensão e inserção mais plena na vida. Nesse sentido, o espiritismo, em sua perspectiva educacional, abre a cultura para os aspectos mais profundos da identidade espiritual e para o aperfeiçoamento integral do Ser.

Assim como, no dizer do sociólogo francês Edgar Morin, o patrimônio hereditário do indivíduo está inscrito no código genético, o patrimônio cultural está inscrito, primeiro, na memória (individual e coletiva) e, depois, na cultura formal (leis, literatura, artes, religião, educação, etc). Segundo Morin, a cultura é fechada e, ao mesmo tempo, aberta, pois enquanto o dogmatismo do pensamento enclausura o conhecimento, o dinamismo cultural o abre para novas possibilidades.

Nesse sentido, percebemos uma valiosa contribuição do espiritismo no campo educacional do espírito humano, abrindo a cultura para novas possibilidades de ver o mundo num contínuo dinamismo conceitual. Dessa ação pedagógica profunda (não formal), emergem novos significados sobre as leis da natureza, sobre a felicidade humana, sobre a morte, sobre o complexo familiar, sobre os conflitos e sofrimentos humanos, individual e coletivo.
Dessa forma, a essência pedagógica do espiritismo, sem nenhuma pretensão proselitista ou salvacionista, estabelece uma ação educativa no momento em que nos desafia para uma mudança de percepção sobre nós mesmos, nos oferecendo horizontes mais amplos de compreensão sobre a admirável estrutura das leis naturais e morais da vida, garantidoras de felicidade e paz.

[1] KARDEC, Allan. Primeiras Lições de Moral na Infância. In. Revista Espírita, fevereiro de 1864.

 O sofrimento: uma perspectiva espírita
Flaviano Silva – Servidor Público, Professor, graduado e pós-graduado em Gestão Pública. Membro da ASSEPE - Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa.

Ao analisarmos a trajetória da nossa sociedade, observamos o homem comprometido com uma busca constante pela prosperidade. Esta busca nem sempre representa progresso de um ponto de vista individual ou coletivo, mas atesta uma característica humana intrigante: o medo de sofrer.

O dicionário Houaiss define sofrimento como sendo dor moral, vida miserável, dificuldade. É evidente o esforço dos indivíduos para estarem longe dessas situações, entretanto, quase sempre ignoramos os princípios que nos distanciam delas.

No livro “O problema do ser, do destino e da dor”, Léon Denis diz: “Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento por excelência da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que, sem ele, ficaria retardado nas vias da sensualidade. A dor, física e moral, forma a nossa experiência. A sabedoria é o prêmio”.
Léon Denis define com maestria a finalidade da dor para o homem. Ao conceituá-la, essencialmente, como educativa e progressista, ele nos remete a uma visão consoladora das vicissitudes em nossa existência. A partir disto, é possível perceber que as aflições humanas possuem uma função aparentemente paradoxal: privar o ser humano destas mesmas aflições no futuro.

O contrassenso só existe perante a inobservância para com esses fatos da vida.
É imperiosa uma visão diferenciada acerca de nossas relações com o mundo, e das leis que estabelecem essas relações. Percebendo os mecanismos que regulam e direcionam a nossa existência, penetramos um pouco mais no conhecimento de nós mesmos.

Compreender a expiação como um instrumento de transformação íntima do homem, é enxergar o mundo sob outro prisma, no qual somos responsáveis pelas nossas desventuras, e que a dor atual é consequência do ontem, mas pode converter-se em ventura no amanhã.





Jon Aizpúrua no Brasil
A convite do Teatro Espírita Leopoldo Machado, tradicional instituição sediada em Salavador, BA, o escritor e conferencista venezuelano Jon Aizpúrua (foto), ex-presidente da CEPA, estará no Brasil, neste mês de setembro.
Na capital baiana, Aizpúrua será um dos conferencistas do Seminário “O Pensamento Espírita de Carlos Bernardo Loureiro” (veja, abaixo, a programação completa do Seminário, que acontece no dia 17/9), evento programado em memória de Carlos Bernardo Loureiro, destacado pensador espírita, que foi fundador da entidade promotora do acontecimento. O convite dirigido a Jon Aizpúrua foi feito em razão da amizade e da sintonia de pensamento dele com Loureiro, ao curso da fecunda atividade desenvolvida pelo líder e escritor espírita baiano, desencarnado há 10 anos. Carlos Bento Loureiro foi um dos primeiros delegados da CEPA no Brasil, nomeado para essa função, justamente durante o mandato de Aizpúrua na Confederação Espírita Pan-Americana, hoje CEPA – Associação Espírita Internacional.

Jon na Unisanta
Antes de sua atividade em Salvador, Jon Aizpúrua estará em São Paulo, onde deverá fazer palestra, na noite de 14/9 (20h), no Centro Espírita José Barroso. Tema: “O Pensamento Social Espírita – Por uma sociologia de base espiritual”.
 Na Universidade Santa Cecília, de Santos/SP, pronunciará conferência pública sobre “Reencarnação e Espiritualidade”, às 20h do dia 15 de setembro. Na mesma oportunidade, será lançada naquela Universidade a obra “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”, livro que reúne trabalhos apresentados no Congresso da CEPA de 2012, sediado justamente em Santos, na Unisanta.


Dirigentes da CEPA no Congresso da AIPE
A presidente da CEPA, Jacira Jacinto da Silva, e seu diretor administrativo, Mauro de Mesquita Spínola, participarão do II Congresso Espírita Internacional, promovido pela Asociación Internacional para el Progreso del Espiritismo – AIPE -, a realizar-se de 16 a 18 deste mês de setembro, em Torrejón de Ardóz, Madri.

Jacira e Mauro integrarão a mesa redonda que acontece na noite de 16/9, coordenada por Mercedes Garcia de la Torre, versando sobre atualidade do movimento espírita internacional. Como expositores, também deverão apresentar trabalho com a temática “Solidariedade, Justiça e Espiritualidade, no sábado, às 12h45.


Homero fala sobre o lançamento de “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”
Presente no ato de lançamento obra, na Livraria Martins Fontes, de São Paulo, o presidente da CEPABrasil, Homero Ward da Rosa, enviou-nos o seguinte relato:

“Na noite de 12 de agosto, aconteceu o lançamento do livro “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação”, na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo.  Organizada por Ademar Arthur Chioro dos Reis e Ricardo de Morais Nunes, com projeto gráfico, editoração, capa e revisão final de Eugenio Lara, revisão de textos de Milton Rubens Medran Moreira e tradução de Eliana Pantoja, a obra reúne alguns trabalhos apresentados durante o XXI Congresso da CEPA (Associação Espírita Internacional), realizado em Santos, em 2012. A edição resultou de uma parceria entre a CEPABrasil – Associação Brasileira de Delegados e Amigos da CEPA-Associação Espírita Internacional e CPDoc – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita.

São doze autores, do Brasil, Argentina, Venezuela e Estados Unidos da América. Além deles, o livro homenageia dois importantes autores espíritas, já falecidos: Jaci Régis e José Rodrigues, que dedicaram uma relevante contribuição ao Espiritismo laico, humanista, universalista e livre-pensador. O evento reuniu vários amigos e simpatizantes do Espiritismo e de outras filosofias espiritualistas, um público que prestigiou, confraternizou, dialogou e questionou os autores, demonstrando interesse pelo tema reencarnação. Foram mais de três horas de uma conversa agradabilíssima que se ampliará, tão logo o conteúdo do livro se torne conhecido”. 
 
Na foto, por ocasião do lançamento, a partir da esquerda: Ademar, seu filho André, Ricardo e Homero.  


“Seja Você Mesmo”
Acusamos o recebimento de um exemplar de livro recentemente lançado pela Editora EME “Seja Você Mesmo”, do autor espírita José Lázaro Boberg, (Jacarezinho/PR).
Advogado, pedagogo e professor universitário, Boberg é autor de dezenas obras com temáticas espíritas.

Em “Seja Você Mesmo”, o escritor discorre sobre a questão do que chama de “sequestro da subjetividade”, descortinando, numa perspectiva espírita, um mundo novo onde podemos e devemos manter as rédeas de nossas vidas em nossas próprias mãos. Adverte sobre os riscos de entregar nossos destinos nas mãos de outros (sejam as religiões, o inconsciente coletivo, familiares, etc). A obra alerta sobe os cuidados que devemos ter com nossos próprios pensamentos e atitudes para que não sejamos nós mesmos os “ladrões” de nossos sonhos.
O novo livro de Boberg pode ser adquirido diretamente da Editora EME, pelo e-mail: http://www.editoraeme.com.br/


Entrevista de Ademar ao Programa Amaury Jr.
No último dia 25 de agosto, o ex-vice-presidente da CEPA, Ademar Arthur Chioro dos Reis, concedeu longa entrevista ao apresentador Amaury Jr. (Rede TV), transmitido em rede para todo o Brasil.

O entrevistador destacou, especialmente, a condição de espírita do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, enfatizando o lançamento recente da obra “Perspectivas Contemporâneas da Reencarnação” da qual Ademar, juntamente com Ricardo de Morais Nunes, é um dos organizadores e que apresenta artigos de pensadores de diversos países sobre o tema. A entrevista, entretanto, abrangeu diversos aspectos ligados ao espiritismo, tais como: a questão da imortalidade do espírito, o fenômeno da quase morte, a mediunidade e outros. O entrevistado, indagado pelo apresentador, também traçou as distintas perspectivas pelas quais os espíritas religiosos e os, como ele, laicos e livre-pensadores visualizam o espiritismo.

 A entrevista pode ser assistida na Internet, no site do programa, onde está armazenada - http://www.amauryjr.com.br/principal.asp?id=8189


Revista “A la luz del Espiritismo”
A “Escuela Espírita Allan Kardec”, de Porto Rico, http://www.educacionespirita.com/ - entidade filiada à CEPA, disponibilizou, pela Internet, a edição comemorativa aos 10 anos da revista “A la luz del Espiritismo”, publicação que tem como responsável o vice-presidente da CEPA para a região da América Central e Caribe, José Arroyo. A revista, que pode ser lida inteiramente pela rede, tem como temática central “o mundo espiritual”, enfocando, na matéria de capa “a angústia e o estado de nossos familiares e amigos desencarnados”, assim como, “a ação como evidência do Amor e do Bem”. Na edição comemorativa, encontra-se também noticiário do Congresso da CEPA, na cidade argentina de Rosário, realizado no último mês de maio e que contou com numerosa delegação de Porto Rico.
A revista pode ser lida no computador, acessando este endereço:




Opinião e entrevista
A partir da divulgação pelo Facebook, nós, aqui em casa, já fizemos nossa assinatura do “Opinião” e aguardamos o recebimento do próximo jornal. Também tomei conhecimento da entrevista do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro sobre o tema reencarnação, que terminei assitindo. Pessoalmente, tinha algumas dúvidas acerca da reencarnação, que foram dirimidas com a excelente participação de Ademar Arthur Chioro dos Reis, no Programa Amaury Jr. Obrigada!
Alda Rodrigues – Lavras do Sul/RS.

ESTE ESPAÇO ESTÁ DESTINADO A RECEBER SUA OPINIÃO, ESPECIALMENTE A RESPEITO DE MATÉRIAS PUBLICADAS NESTE PERIÓDICO. SUA PARTICIPAÇÃO É IMPORTANTE, POIS UM DOS OBJETIVOS DESTA PUBLICAÇÃO É A INTERLOCUÇÃO COM NOSSOS LEITORES, MESMO DISCORDANDO DE NÓS. CARTAS PODEM SER ENVIADAS PARA: ccepars@gmail.com ou medran@via-rs.net  (A Redação)





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